sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Episódio 18: RENÚNCIAS DE MÃE

Sempre soube que, junto à maternidade, vinham também as renúncias. Renúncias essas que vem junto com tudo o que ganhamos quando somos responsáveis por outra pessoa. 

Mas, sinceramente, não imaginei que seriam tantas. 
E sabe de uma coisa? Não me arrependo por tudo o que renunciei e por tudo o que ainda vou renunciar. Porque o que se ganha literalmente não tem preço. 

Renunciei a tudo o que era inconsequente e o que era desnecessário. Abri mão de restaurantes por um longo período (e ainda abro). Deixei de sair à noite, de ir ao cinema com tanta constância, de ser uma workaholic. 
Abri mão do meu trabalho como arquiteta. Abri mão da minha promissora carreira. 

Deixei de reconhecer baladas, músicas e moda. Deixei de saber noticias do dia. Deixei de beber. De fumar. Deixei de dirigir rápido. Tenho medo de xingar no trânsito. 

Tenho, agora, medo de avião. Tenho pânico de me machucar ou de que algo aconteça comigo. Passei a acreditar mais em Deus e nos anjos da guarda. Passei a admirar um simples abraço e a amar um sorriso desdentado. 

Passei a chorar a toa, acreditar em fadas e em super heróis. Passei a transformar sonhos em realidade, em cada festa pronta por mim. Agora, acredito em previsão do tempo. Não saio de casa sem protetor, remédios e comidinhas especiais para crianças. Não dirijo rápido. Não falo mal no trânsito. 

Agora, descobri que sou exemplo. E, mesmo completamente imperfeita, tento ser o melhor exemplo que posso. Renunciei ao supérfluo e ganhei o impagável: o amor incondicional. 

 Ganhei ver tantos pares de olhos me admirando. A cada desenho, a cada recorte, a cada carinho eles me admiram. E como admiram. Aprendi a entender choros e gritos, e manhas e birras. Aprendi duramente, mas aprendi. 

Aprendi a tolerar o que antes era intolerável. A respeitar o que antes era bobagem. A amar o que antes eu achava que era gostar. Renunciei ao meu passado. Os relacionamentos que certamente não dariam certo para encontrar o melhor relacionamento. O melhor companheiro e o melhor pai que meus filhos podem ter. 

 Renunciei à arrumação de casa. Hoje, se está bagunçado, está arrumado. Renunciei às viagens pelo mundo. Hoje, aprendi a perdoar. 

Hoje, olho para trás e vejo tudo o que poderia ter sido diferente. Imaginando como estaria hoje sem meus filhos... E sabe o que? Sem tudo isso ao que renunciei, estou completa. Estou melhor. Sou melhor. 

 Pois, aprendi a me doar sem esperar nada em troca. 

A amar sem cobrar. 

 Simples assim.