terça-feira, 25 de junho de 2013

Episódio 9: O PAI

Não acho justo apenas falar do papel da mãe na vida dos nossos filhos. 
O pai tem um papel tão fundamental quanto nós.

Por um bom tempo, o papel do pai é ser coadjuvante. Acompanha a mãe no pré natal, acompanha o parto e o nascimento mas efetivamente não tem um papel real na vida de um bebê tão pequeno. A mãe alimenta, a mãe acalenta, a mãe vive 100% do seu tempo para aquele pequeno ser.

Mas o tempo passa, e aquele bebê tão pequeno cresce (e rápido). E aí, começa a interagir com esse homem (ou figura paterna) que faz parte do dia-a-dia. Eles se reconhecem e se amam.

Para os meninos, principalmente, a figura paterna se torna um espelho. Quem nunca sonhou em ser como seu pai quando criança? Grande, forte, provedor, amigo e companheiro?
Para nós, meninas, quem nunca sonhou em casar com um homem como o pai? Carinhoso, dedicado e herói??

Os homens ganharam o dever e o direito de participar de cada etapa do desenvolvimento dos filhos. Eles ganham felicidade, amor e carinho mas também dão na mesma intensidade.

Meu pai é um grande homem. Sempre presente, sempre prestativo, sempre carinhoso e companheiro. Com esse exemplo, não poderia ter escolhido pai melhor para meus filhos.
Meu marido mudou; e muito, após a paternidade. Ele aprendeu a se doar sem medo. Criar sem expectativas, educar por bons princípios, ser mais paciente e, principalmente, compreendeu que nem tudo acontece como e quando ele quer.

imagem: Pinterest
Ser pai (independente de biológico ou não) é simplesmente se doar. Incondicionalmente. Não esperar nada em troca. É aprender todos os dias. É ensinar. É amar acima de qualquer coisa.
Hoje, vejo meus filhos irem aos jogos de futebol com o pai. À padaria, ao supermercado... essas atividades tão simples tem um peso tão grande na formação dos meus meninos. E isso me mostra o quanto um bom companheiro (seja pai ou não) pode ser um grande exemplo na formação do caráter dessas pequenas pessoas.

Um pai carinhoso, cria um marido carinhoso. Um pai amigo, cria um marido amigo. 
Um pai presente cria um grande homem.


E um grande homem pode fazer um mundo melhor.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Episódio 8: IRMÃOS:UMA RELAÇÃO MUITO ESQUISITA

Antes de ficar grávida, já tinha certeza que não teria um filho só. Sabia que não queria que meu filho não tivesse irmãos. Isso porque minha experiência de vida me mostrou o quanto preciso das minhas tão amadas irmãs.

Sou a terceira filha. Tenho duas irmãs mais velhas. Portanto, desde que nasci tenho irmãs. Tenho amigas.
Claro que quando éramos pequenas, nem tudo eram flores. Aliás, nem hoje.

Brigávamos pelos brinquedos, depois pelas roupas, depois até pelos meninos...

Mas, sempre aprendemos que irmãos são os melhores amigos. Pra sempre. E colocamos isso em prática. Todos os dias.
Hoje, ainda discutimos, brigamos, nos irritamos... mas ‘ai’ de quem falar um A delas pra mim. Sou capaz de ‘voar na jugular’ do infeliz. 

Minha irmã mais velha, desde que casou, mora longe e mesmo assim, parece ser minha vizinha. Claro que a saudade dói demais, mas nos falamos tanto, ela se faz tão presente na minha vida que às vezes até me esqueço da distância geográfica...incrível né?


Nós somos companheiras, cúmplices, amigas e confidentes. E isso, devo aos meus pais, que sempre nos ensinaram a nos respeitar e nos amar.
Hoje, luto para que meus filhos tenham, entre eles, essa mesma intensidade de relacionamento. 
Confesso que não é fácil.


Os meninos brigam como cães e gatos por espaço, por atenção, por brinquedo... Brigam pelo suco, quem sobe a escada mais rápido, quem chega primeiro, quem vai sentar no meio, quem vai comer mais, quem pega a irmã no colo, pelo shampoo....

Meu Deus, como brigam!

Mas basta um não estar que o outro pergunta. E fica triste pela ausência do irmão. Como entender? Como explicar?
Realmente a relação fraterna é muito esquisita.
E é tão esquisita quanto intensa. E linda. E profunda e eterna.

Planto para que eles sejam companheiros de vida, de caminhada. Que cada um construa sua própria família mas que mantenham o laço da infância.


Assim como nós.

Cibele e Karina, amo vocês ao infinito.

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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Episódio 7: POR MAIS QUE EU TENTE, TEM COISAS QUE NÃO CONSIGO...

Será que sempre nos cobraremos? Será que algum dia conseguiremos passar um dia sem fazer absolutamente nada e lidar bem com isso?

Não consigo não me cobrar quando não cuido da casa. Quando não consigo dar atenção ao marido. Quando meus três filhos precisam de mim ao mesmo tempo. Quando um tem ciúme do outro. Quando dão trabalho na escola. Quando não tenho tempo pra cuidar de mim. Quando não consigo dar atenção aos amigos e familiares.
Não consigo não me cobrar quando esqueço de ler o recado na agenda. Quando tenho preguiça de trocar uma fralda. Quando não posso estar presente em todos os eventos que sou convidada. Quando não consigo visitar as pessoas que eu amo.
Quando não consigo ter tempo pra fazer a comida preferida das crianças. Aliás, quando não consigo fazer comida. Quando não consigo acalmar a cólica da bebê. Quando não consigo não dar bronca...

Por que nos cobramos tanto? Onde isso vai me levar?
Acho que a lugar algum. Porque não adianta me cobrar por coisas que estão fora do meu alcance. Sou humana. Sou uma só.
Mas, quando penso assim, me sinto egoísta. E, de novo vem a culpa.

Se eles estão muito apegados, acho que errei. Se eles se afastam, acho que errei também. Existe um meio termo?

Acredito que a culpa materna vem da vontade de ser onipresente e perfeita. Da vontade de não errar, da expectativa que colocamos nesses pequenos seres humanos.
Mas não se pode ser perfeita. Principalmente quando se trata de pessoas com vontades próprias, desejos, idéias e personalidades distintas.

Somos todas eternas insatisfeitas. As que trabalham, acham que deveriam estar em casa. As que estão em casa, acham que deveriam estar trabalhando fora. Quem tem babá, acha que não precisava e quem não tem, acha que devia ter... Se foi cesárea queriam parto normal e se culpam por não terem conseguido. Se perdem a paciência e brigam com o filho, se culpam por não terem se contido...
Incrível como no fundo, somos todas iguais. Pensamos da mesma forma e nos culpamos na mesma intensidade.

Mas será que essa culpa é um sentimento ruim? 
Eu não acho ruim. Pra mim, ela é claramente o reflexo de quanto somos cuidadosas com àqueles que somos responsáveis. Isso vem em mãe zelosa, cuidadosa, carinhosa e que realmente nasceu para ser mãe. Ela faz parte da vida daquelas que cuidam do que fazem com o outro.


Como diz o famoso livro do Pequeno Príncipe: “Você se torna responsável por aquilo que cativas.”
E, se o que foi cativado é um filho, essa frase tem uma intensidade ainda maior.
Quando sinto que estou me culpando por algo que não posso mudar: paro, respiro, penso e deixo a vida fluir naturalmente.

E, se acho que é algo que posso mudar. Tento. Tento até a exaustão. 

Por que?

Porque sou mãe. E tenho o direito de errar. Mas corro sempre para acertar!!

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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Episódio 6: MAIS APRENDO DO QUE ENSINO

Sempre achei que quando virasse mãe ia ensinar meus filhos a fazerem de tudo. Claro! Como pode ser o contrário?

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Ensinei muita coisa. Ensinei a falar, a andar, a usar o banheiro, a tomar banho, se trocar.... Ensinei a respeitar os mais velhos, a ser gentil, ser caridoso com os menos favorecidos... enfim, ensinei meus valores e ensinei o que acho correto.

Mas, para minha surpresa, aprendi muita, muita, muita coisa.

Eles me ensinaram que meu beijo cura qualquer machucado, diminui qualquer dor e acalma qualquer nervoso. Me ensinaram que buscar na escola é suficiente para fazê-los felizes.
Aprendi a me doar sem esperar nada em troca. Aprendi que um sorriso deles cura qualquer noite mal dormida ou tira qualquer tristeza do meu coração. Aprendi que posso ser um exemplo a ser seguido.
Me ensinaram que o simples fato de eu sentar e desenhar junto proporciona uma felicidade imensa. Que o melhor presente não está nas lojas. Está aqui.

Que tudo o que eles precisam é de mim. Não fisicamente. Posso estar distante mesmo estando perto...daí não serve. Tem que estar de corpo e alma. Com vontade. Tempo com qualidade, mesmo que seja pouco...
Aprendi a ter medo da perda. Aprendi que mesmo não querendo, preciso ser rígida. Aprendi a ser forte e fraca na mesma intensidade, por incrível que pareça.
Aprendi a conviver constantemente com antônimos – medo, coragem; força, fraqueza; gentileza, rispidez; amor, raiva...
Aprendi que minha presença, minhas atitudes e palavras refletem diretamente na formação do caráter deles. E que isso me aflige um pouco.
Aprendi que ‘dou conta do recado’ e que o destino foi muito benevolente comigo!

Com eles, aprendi a compreender meus pais.
Aprendi que posso ter três corações além do meu. Aprendi a ter mais fé, a confiar ainda mais em Deus e a Lhe entregar a vida dos meus pequenos.

Eles me ensinam a viver como nunca tinha vivido.
A sorrir como nunca tinha sorrido.
A aceitar como nunca tinha aceitado.
A lutar como nunca tinha lutado.
A me doar como nunca tinha feito...


Eles me ensinam, eu aprendo. Eu ensino, eles aprendem...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Episódio 5: SIM, FAZEMOS COISAS ESCONDIDAS!!


Por que é que todo mundo acha que as mães não têm defeitos? Ou não erram? Ou não mentem? Ou não escondem??
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Por que a gente é considerada louca se falamos exatamente o que todo mundo faz e ninguém fala?
Tenho certeza que em algum momento você, mãe, jogou algum convite de festinha infantil sem seu filho saber só porque não estava com vontade de ir. Nunca? Eu já.
Você fez macarrão instantâneo por puuuuura preguiça de cozinhar.
Deu bala pra ver se conseguia parar o choro.
Mostrou a foto de uma boca cariada pra que ele entendesse como fica um dente sem ser escovado.
Pôs de castigo sem ter tanta necessidade assim...
Mandou ficar quieto porque estava com dor de cabeça.
Fingiu que estava dormindo só para o marido acudir a criança de madrugada.
Enganou seu filho dizendo que o guarda prende criancinha que não usa cinto de segurança.
Gritou com a criança simplesmente porque você estava cansada.
Chorou de mentira para ver se seu filho se arrependia da birra.
Mandou não cutucar o nariz, mas quando tá sozinha já cutuou...
Mentiu por ele para o marido, para que o pai não brigasse.

Nunca??? Eu já, eu já, eu já e eu já!

Eu entendo que somos seres humanos passíveis de cansaço, stress, irritação, raiva e sensibilidade. Não somos apenas a ‘instituição’ mãe.
Precisamos de silêncio, de um tempo. Precisamos perceber que somos pessoas separadas do título mãe. Precisamos saber quem somos.

E quem sou eu se não sou apenas a mãe? Vixi... tenho tantas funções. E adoro. E não abriria mão de nenhuma.
Sou esposa, filha, dona de casa, empresária, amiga, irmã, neta, tia, madrinha, prima, nora, cunhada, patroa, prestadora, empregada...
Mas antes de tudo sou eu. Eu mesma. Do meu jeito. Certo ou errado...

Quem nunca, quando criança, odiou os pais porque não pôde ir à uma festa? Ou simplesmente porque ficou de castigo? Ou até por não entender seus pais??
E logo passou... e logo você percebeu o quanto amava seus pais e que eles estavam tentando te educar da melhor maneira possível.

E por que existe um tabu em dizer que você odeia seus filhos de vez em quando? Se é verdade, por que ninguém fala? Eu odeio meus filhos quando eles fazem birra e quando me desobedecem. E depois passa.
É óbvio que passa. Vivo por eles. E depois de odiar vem a tão famosa culpa. Culpa materna. Eterna e sempre presente.
Sem dúvida, de todas as funções, ser mãe é definitivamente a mais difícil. Educar um outro ser é muito complicado. Você nunca tem certeza se está fazendo certo ou errado... e apenas o tempo poderá dizer.
Por isso, tento plantar o que há de melhor para moldar o caráter dos meus filhos. Para que, com o tempo, eles se tornem grandes pessoas acima de tudo.

E, tudo que faço escondido, pode parecer egoísta (e acho que algumas até são mesmo) mas na verdade, é sempre tentando acertar...

sábado, 8 de junho de 2013

Episódio 4: A GENTE CHORA... E MUITO!

Ser mãe é sinônimo de medo, temor, amor, paixão, pânico, sofrimento, realização e todas as emoções mais intensas e loucas que cabem dentro de um ser humano.
Eu sempre fui muito chorona.
Antes de ser mãe, chorava quando tinha fome, quando caía, quando meu pai não deixava eu sair, quando brigava com o namorado... 
Hoje, olhando pra trás vejo que os motivos do meu choro eram tão pequenos, tão fáceis de resolver... tão simples.

Claro que toda fase que vivemos é sempre a mais difícil. Exatamente como vídeo game.
Mas, quando nasce uma mãe, nasce com ela a vontade de ser eterna. De viver para sempre. De proteger sempre.

Meu choro como mãe começou quando saí da maternidade com meu primeiro filho. No trajeto pra casa chorei.... De felicidade, de medo do desconhecido, de não ser capaz de criar uma outra pessoa. Chorei de insegurança.
Depois chorei com o primeiro dente, o primeiro tombo, o primeiro passo, a primeira palavra.
Chorei quando meu segundo filho nasceu, prematuro. De medo dele não superar, de ele não conseguir passar por aquilo... Chorei de felicidade por ele ter conseguido.
Chorei quando meus filhos se conheceram. Quando se viram pela primeira vez.

Nunca entendi aquelas mães que choravam quando o filho estava no palco dançando e cantando tudo errado. Pensava: “Meu Deus, o moleque tá fazendo tudo errado e essa tonta chorando...”. Chorei todas as vezes que meus filhos estavam no palco fazendo tudo errado. E até chorei quando eles choravam.
Chorei quando caiu o primeiro dente e me dei conta que o tempo passa rápido demais. Que quando vi, pronto, já tinha uma criança desdentada em casa. Chorei de medo desse tempo que passa rápido.
Chorei quando descobri que estava grávida pela terceira vez. De pânico. De pensar: “Como vou atravessar a rua com três crianças se só tenho dois braços???”. E depois, chorei porque descobri que era menina. Nesse dia, chorei demais. De emoção.
Choro todas às vezes que ouço um ‘eu te amo, mamãe’. 
Choro de raiva todas as vezes das birras. Choro de culpa. Choro de ódio.

Choro constantemente de orgulho. Daqueles que não cabe no peito. Choro vendo as atividades escolares e até choro nas reuniões. Choro quando acho que exagerei e choro quando acho que fui ‘mole’ demais.
Choro com cada carinho, toque, beijo.... Cada noite compartilhada, cada conquista alcançada, cada gol feito, cada dança junina... choro. Meu Deus, como choro.
Choro em ver meus pais e meus filhos. Meus avós e meus filhos.
O ciclo da vida me emociona....

Porque filhos são surpresas. São intensos. 
E você não será eterna, por mais que deseje. Eu sei disso. Você sabe disso. Todos sabemos.

Talvez por isso, eu chore. Porque sei disso.
E cada dia um novo acontecimento. Uma nova conquista.
Um novo crescimento...

Por isso, quando você acha que já chorou tudo o que tinha pra chorar, você vai perceber que ainda nem começou...





quarta-feira, 5 de junho de 2013

Episódio 3: E O ROMANCE, ONDE FOI PARAR?

Quando namoramos, cada encontro é um acontecimento. Você se prepara, se maquia, se perfuma...
Quando casamos iniciamos o tão sonhado conto de fadas...
Oi? Conto de fadas? Não é bem assim... Usamos o mesmo banheiro, acordamos com bafo, não conseguimos estar sempre depiladas, nem sempre arrumadas, quase nunca maquiadas...
E o amor sobrevive e vive. Da sua maneira simples do dia-a-dia porque o amor é mais do que um rosto maquiado, um corpo perfeito. É companheirismo, doação, compreensão, respeito e parceria.

E chegam os filhos.

Eu nunca entendi o famoso ‘golpe da barriga’.
Não consigo compreender como um mulher ‘segura’ um homem ficando grávida.

Contando que você é uma mulher comum como eu, que engorda na gravidez, que reclama, que não tem 5 empregados ou 1 babá pra cada filho, que trabalha pra ganhar dinheiro e que ainda toma conta de casa, tenho certeza que você vai se reconhecer nesse meu pensamento...
Como segurar um homem se quando seu filho tão amado chega você reclama intensamente de dor? Dor no seio, na barriga, nas costas. E como esquecer que você sangra? Semanas a fio. Não consegue tomar banho ou se secar sozinha.
Que quando passa duas ou três horas você jorra leite? E a libido? Ah, a libido... essa sim desaparece completamente.
Os primeiros meses com um recém-nascido em casa são realmente muito complicados para os casais. Acho que mais ainda para o homem.
Nós ainda somos compensadas por um sorrisinho quando amamentamos. Ah, isso vale mais que tudo! Paga tudo! Recompensa tudo!

E aí, me pergunto? Onde foi parar o romantismo desses namorados cheios de sonhos de futuro??
E eu mesma me respondo: o romantismo dessa fase é muito maior que uma noite de amor. É cada segundo vendo um ser, gerado desse amor, respirando.
É o milagre de que duas pessoas podem formar uma. Dos seus corações estarem em outro corpo. Está em cada abraço, cada gesto de cumplicidade, cada gesto de compreensão que o outro está cansado e que só quer virar e dormir...
É a preocupação em saber se você está com sede e buscar um copo de água. Sem você pedir.
É o cuidado, o carinho, o afago...
É a materialização desse amor num outro ser humano.
São os pequenos gestos que transformam esse momento nada romântico em uma fase inesquecível.
E com o tempo, essa fase passa...

E você volta a se arrumar, se maquiar, se perfumar ... Assim como era quando namoravam.... 
Porque o tempo passa, as experiências compartilhadas aumentam e vocês continuam eternos namorados...

imagem: Pinterest

domingo, 2 de junho de 2013

Episódio 2: VOCÊ VAI FICAR ALIENADA

Outro dia me perguntaram: “Você viu o meteoro que caiu na Rússia?”
Eu? Vi? Meteoro? Rússia??????

Fiquei com aquela cara de paisagem: “Um horror não é??”. Sem ter a mínima noção do que havia acontecido...
Mas aí me lembrei que em algum momento da minha vida tive aulas de geografia e história. Então, se eu pensar mais um pouquinho, vou me lembrar....
Rússia.... AH, Já sei! Aquele país que era da União Soviética.... ah, é mesmo! Que tinha um presidente com uma mancha vermelha na careca... Gorbatchev, não é isso?? Sim, Sim, é isso.... Só que isso faz décadas....

Meu Deus! Onde eu estava quando o meteoro caiu na Rússia???
Já sei!!! Estava entre canais infantis, DVDs infantis, músicas infantis. Certeza que estava vendo Jake e os Piratas, a Casa do Mickey Mouse, Carrossel, Art Attack, Detetives do Prédio Azul...
E nesses canais não passam notícias.... ah, foi por isso....


Quem nunca se pegou sem saber do que as pessoas estavam falando? Que aquela notícia aconteceu na hora do programa favorito do seu filho?
Isso pra mim, é comum. Sempre pensei: “Pôxa, bem que nesses canais infantis podia passar um resumão dos fatos para que as mães não fiquem sem graça nas rodinhas de bate-papo”.

Mas, peraí. Se é bate-papo de mães, JAMAIS se tocaria no assunto do meteoro na Rússia. Mas, com toda certeza desse universo, estaríamos falando de quem??? De quem?? De quem???
Dos nossos filhos! Claro!
De como são inteligentes, como comem, o que comem, que o meu é melhor que o seu, que o cocô dele é assim ou assado, com a textura assim ou assada ou cozida...

Daí você me pergunta: Mas por que cargas d’água você não entra na internet e lê a primeira página dos sites de notícias???
Porque quando não estou com meus filhos, estou trabalhando (eu também preciso de vez em quando) e nessa hora, preciso aproveitar a ‘folga’ da função mãe para acionar uma das minhas tantas outras funções... E aí, nem me lembro que existem sites de notícias.
E ainda trabalho com a musiquinha do desenho na minha cabeça: “Miska, Muska, MIckeyyyyyyy Mouse!!!”

OK, Ok, como já diz o ditado: Quem não quer arruma uma desculpa e quem quer arruma uma maneira.
Então, não quero. Prefiro abrir mão do Jornal Nacional pra poder assistir o Carrossel. 
Se eu adoro? Não... mas é um momento que tenho com eles. De conversar, rir, dividir o mesmo espaço e acostumar que pais e filhos assistem programas juntos.
Por isso, aqui em casa, nada de televisão no quarto tão cedo.

Prefiro abdicar de algumas coisas, entre elas o Jornal. Afinal, cada notícia é uma tragédia.
E, infelizmente, cada dia está pior. Daí, como todas as crianças espertas e curiosas, começam as perguntas: “Mamãe, porque esse cara colocou fogo numa outra pessoa?”
imagem: Pinterest
E o que dizer? Como explicar esse absurdo???

Então, por minha escolha, prefiro explicar a eles porque a Maria Joaquina não gosta do Cirilo.

Ainda é muito cedo para que eles entendam que alguns seres humanos, muitas vezes não têm explicação. 
Escolhi deixar que eles ainda acreditem piamente que polícia prende bandido e que o vice-versa não existe.

Alienação? Que seja...
Por aqui escolho continuar alienada...