Será que sempre nos cobraremos? Será que algum dia
conseguiremos passar um dia sem fazer absolutamente nada e lidar bem com isso?
Não consigo não me cobrar quando não cuido da casa. Quando
não consigo dar atenção ao marido. Quando meus três filhos precisam de mim ao
mesmo tempo. Quando um tem ciúme do outro. Quando dão trabalho na escola.
Quando não tenho tempo pra cuidar de mim. Quando não consigo dar atenção aos
amigos e familiares.
Não consigo não me cobrar quando esqueço de ler o recado na
agenda. Quando tenho preguiça de trocar uma fralda. Quando não posso estar
presente em todos os eventos que sou convidada. Quando não consigo visitar as
pessoas que eu amo.
Quando não consigo ter tempo pra fazer a comida preferida
das crianças. Aliás, quando não consigo fazer comida. Quando não consigo
acalmar a cólica da bebê. Quando não consigo não dar bronca...
Por que nos cobramos tanto? Onde isso vai me levar?
Acho que a lugar algum. Porque não adianta me cobrar por
coisas que estão fora do meu alcance. Sou humana. Sou uma só.
Mas, quando penso assim, me sinto egoísta. E, de novo vem a
culpa.
Se eles estão muito apegados, acho que errei. Se eles se
afastam, acho que errei também. Existe um meio termo?
Acredito que a culpa materna vem da vontade de ser
onipresente e perfeita. Da vontade de não errar, da expectativa que colocamos
nesses pequenos seres humanos.
Mas não se pode ser perfeita. Principalmente quando se trata de pessoas com
vontades próprias, desejos, idéias e personalidades distintas.
Somos todas eternas insatisfeitas. As que trabalham, acham
que deveriam estar em casa. As que estão em casa, acham que deveriam estar
trabalhando fora. Quem tem babá, acha que não precisava e quem não tem, acha
que devia ter... Se foi cesárea queriam parto normal e se culpam por não terem
conseguido. Se perdem a paciência e brigam com o filho, se culpam por não terem
se contido...
Incrível como no fundo, somos todas iguais. Pensamos da
mesma forma e nos culpamos na mesma intensidade.
Mas será que essa culpa é um sentimento ruim?
Eu não acho ruim. Pra mim, ela é claramente o reflexo de quanto somos
cuidadosas com àqueles que somos responsáveis. Isso vem em mãe zelosa,
cuidadosa, carinhosa e que realmente nasceu para ser mãe. Ela faz parte da vida
daquelas que cuidam do que fazem com o outro.
Como diz o famoso livro do Pequeno Príncipe: “Você se torna
responsável por aquilo que cativas.”
E, se o que foi cativado é um filho, essa frase tem uma
intensidade ainda maior.
Quando sinto que estou me culpando por algo que não posso mudar: paro, respiro,
penso e deixo a vida fluir naturalmente.
E, se acho que é algo que posso mudar. Tento. Tento até a
exaustão.
Por que?
Porque sou mãe. E tenho o direito de errar. Mas corro sempre para acertar!!
imagem: Pinterest |
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